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Re: [LibrePlanet-BR] Onde foi que erramos, e onde continuamos errando?


From: Ricardo Panaggio
Subject: Re: [LibrePlanet-BR] Onde foi que erramos, e onde continuamos errando?
Date: Mon, 9 Oct 2017 08:51:24 -0300
User-agent: Mozilla/5.0 (X11; Linux x86_64; rv:52.0) Gecko/20100101 Thunderbird/52.3.0

On 04/10/17 02:33 PM, Thadeu Lima de Souza Cascardo wrote:
> On Wed, Oct 04, 2017 at 01:01:43PM -0400, Sergio Durigan Junior wrote:
>> Talvez compense parar e perguntar aqui: temos que oferecer algo "melhor"
>> em que sentido?  Melhor no sentido de liberdade de software?  Fácil.
>> Melhor no sentido de usabilidade?  Não tão fácil (gitlab?  pagure?).
>> Melhor no sentido de popularidade?  Bem difícil (gitlab?  mas e pra
>> comunicação?).
>>
> 
> Pra mim, o resumo da ópera é esse: efeitos de rede. Muita gente usa
> github o que leva a mais gente usar o github, e o efeito bola de neve
> vai enterrar a gente!

Em algum momento as pessoas só usavam SourceForge e passaram a usar
GitHub. Isso me dá esperança. Se fizermos algo que seja muito, muito
melhor que o GitHub em todas as áreas, talvez consigamos reverter o
processo.

> Pra mim, mais do que o fato de não ser uma plataforma proprietária, mas
> o fato de ser uma tão impactada pelo efeito de rede é que me faz
> evitá-la: porque não quero empoderá-la ainda mais.

Idem. Eu criei uma conta lá a muito tempo, até pouco tempo atrás ainda
usava para contribuir para projetos que não tinha outra opção. Faz algum
tempo decidi não usar mais GitHub em absoluto.

> Mas também significa
> que não aproveitamos o que o Cuducos aproveitou: essa massa de
> contribuidores.

:( Sad but true.

> Como resolver? Integração.
> 
> O que mais me incomoda no nosso atual sistema de organização político é
> como permitimos situações ganha-perde quase sempre. Um grupo ganha,
> outro perde. No caso em questão, ou você está no Telegram ou não
> conversa com a gente.
> 
> O que o XMPP fez no final do último milênio e agora é feito novamente
> pelo Matrix poderia ajudar a conciliar esses dois grupos tão diferentes.
> É questionável: 1) se conectar-se ao meio de comunicação como
> Github/Telegram não amplia seu efeito de rede também; 2) se usar uma
> conta que permita tal integração é moral, já que significa que alguém
> terá que cometer o sacrifício de aceitar alguns termos de serviço, etc.
> 
> No entanto, ganhamos ao reduzir o grupo excluído. E é esse tipo de
> atitude que gostaria de ver mais por aí. Se a minha decisão, neste caso,
> por uma plataforma de comunicação, exclui um grupo de pessoas, como
> fazer para incluí-los?
> 
> Tenho visto em vários canais de IRC pessoas conectadas através de
> Telegram e Matrix. Então, neste caso em particular, talvez seja uma
> solução plausível.

Vou sugerir para eles o Matrix e ver se topam. Que bom que temos uma
maneira para tentar interoperar para esse caso.

Mas no caso do GitHub, não tem muito pra onde correr ainda. Eu
provavelmente vou forkar o projeto via GitTorrent e fazer merge requests
por e-mail. Provavelmente vão virar issues no GitHub no fim das contas,
mas é uma primeira ideia.

>> No final das contas, o que importa é que você dá importância à liberdade
>> de software, e ele não (tanto).
> 
> Sei que você usou o "tanto" em parênteses. Mas eu entenderia muito bem o
> Cuducos se sentir ofendido por receber tal crítica de que não se importa
> com liberdade de software. Acho melhor dizer que ele decidiu fazer
> compromissos diferentes dos seus e dos meus e dos Panaggio. Todos
> fazemos compromissos diferentes pelas mais diversas razões.
> 
> Tenho confiança de que o Cuducos preferiria uma plataforma livre e
> distribuída desde que alguns de seus outros requisitos fossem atendidos.
> E no caso dele, são requisitos nobres, de permitir que mais pessoas
> contribuam pra um projeto importante. Sim, mais pessoas podem contribuir
> através dessas plataformas. Algumas pessoas são excluídas, e nós estamos
> entre estas pessoas e ficamos muito chateados. Mas, por razões
> diferentes das nossas, um número maior de pessoas se sentiria sim
> excluído de contribuir.

Git é descentralizado por natureza. Eu sei da necessidade de um
repositório de referência, mas há muitas maneiras de fazer isso além de
colocar o repositório no GitHub. Existem até maneiras de fazer isso sem
um repositório centralizado. O Oliva estava me explicando como fazer
isso usando alguns projetos que não me lembro e não consegui encontrar
para colocar como referência aqui, mas temos até uma implementação
funcional disso. O problema técnico está começando a ser resolvido. O
próximo passo e fazer ficar usável. E parecer melhor e mais atrativo que
colocar em um repositório centralizado.

Hoje, realmente há um número muito grande de pessoas de outras áreas
(jornalistas, cientistas, ...) que usam GitHub por causa do efeito de
rede, porque não conhecem outro método. E essas pessoas em questão, não
técnicas, tem uma tendência grande a aprender uma coisa e não trocar ela
por nada, por achar que a outra seria mais "difícil". Ouvi isso no fds
sobre trocar Windows por GNU/Linux de uma pessoa de humanas ligada a um
grupo de pessoas que promovem e lutam por, entre outras coisas, SL. Hoje
em dia, isso é apenas FUD. Não tem nada que um usuário comum vá fazer
que não possa ser resolvido com GNU/Linux. Provavelmente a pessoa
ficaria é surpresa com um monte de coisa, mas o FUD é muito forte ainda.
Por isso eu insisto que se tivermos uma alternativa melhor, talvez
consigamos quebrar o ciclo e começar a ver as pessoas técnicas migrando
pra outras coisas. Aos poucos nos beneficiar dos efeitos de rede e em
algum tempo (talvez muito tempo) convencer os mais temerosos de que a
nossa piscina está boa, e eles podem entrar.

> Pra dar um exemplo, antes do Serenata de Amor, existia o Montanha. Pode
> ser que não façam a mesma coisa, mas o Montanha coletava e organizava e
> exibia informações de gastos de verba indenizatória de vereadores,
> deputados estaduais, federais e senadores. Até onde eu sei, ele não
> estava no github.

AFAICR ele estava no falecido Gitorious.

> E pode ser por viés de com quem eu estou conectado
> agora, mas só ouço falar desse tal Serenata de Amor. Não vi ninguém
> comentar sobre o Montanha, ou como ele já fazia boa parte desse
> trabalho, e que talvez devessem ter contribuído com o Montanha ao invés
> de começar um novo projeto.

Juro que essa é uma pergunta que está entalada na minha garganta, mas
que queria fazer pessoalmente pro Cuducos. Quero ler toda a expressão
que a pergunta causará, e não ler uma resposta pensada.

> Isso significa que algumas decisões (inclusive a escolha de linguagem de
> programação) vão sim fazer com que menos pessoas se sintam incluídas em
> alguns dos projetos que escolhemos fazer.
> 
> Por outro lado, quero que continuemos "errando" em algumas dessas
> escolhas, assim como que outros continuem "errando" em suas escolhas,
> porque isso significa que o sistema está funcioando: nós ainda podemos
> fazer algumas escolhas. Imagina se, de repente, tudo agora tivesse que
> ser escrito em JavaScript porque só assim incluiriámos o máximo de
> pessoas no projeto.  :-)

Indubitavelmente você está certo nesse ponto. Ter escolhas é muito
melhor que não ter.

Mas está ficando chato não ter escolhas em alguns casos. E insisto que
precisamos criar, usar, e falar muito das alternativas, pra tentar
quebrar alguns ciclos. Vide minha thread sobre XMPP+OMEMO.

-- 
Ricardo Panaggio

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